Texto extraído de um artigo escrito baseado num mapeamento de estratégias discursivas utilizadas no programa "Domingo legal", do Sbt, feito por alunas da Usp – SP em 2009
Autoras: Luara Krasnievicz, Pricila Aparecida Aita e Caroline Casali
A atenção do telespectador brasileiro tem sido mantida muito mais por shows de luzes, sons, cores, choros e súplicas do que pela relevância do conteúdo narrado na televisão. Nesse sentido, tornou-se senso comum, hoje, dizer que a programação televisiva brasileira tende ao sensacionalismo; e realmente não são poucos os programas rotulados por teóricos da comunicação como sensacionalistas.
Os programas de auditório - gênero antigo na programação televisiva – são palco principal desse sensacionalismo na grande mídia brasileira, por meio de espetáculos que ridicularizam e/ ou constrangem seus participantes. Esses programas de auditório primam pelas sensações sobre a consciência, pela emoção sobre o raciocínio. E enquanto a mídia ridiculariza as situações cotidianas de pessoas comuns, a sociedade assiste a sua exploração como se fosse natural. Escondido sob o manto do assistencialismo, o sensacionalismo atingiu tamanha profissionalização na televisão que várias empresas já anunciam e contribuem na resolução de problemas pessoais dos telespectadores. Há uma união (harmônica) entre o participante do programa, que tem seu pedido atendido por uma empresa, que faz doações em prol do marketing social e gera lucros à emissora por meio da audiência - contemplativa e nem um pouco crítica - de milhares de brasileiros.
Características basicas de um texto sensacionalista:
- Intensificação, exagero e heterogeneidade imagética; ambivalência lingüístico-semântica, que produz o efeito de informar através da não identificação imediata da mensagem.
- Valorização da emoção em detrimento da informação.
- Exploração do extraordinário e do vulgar, de forma espetacular e desproporcional; adequação discursiva ao status semiótico das classes subalternas.
- Destaque de elementos insignificantes, ambíguos, supérfluos ou
sugestivos.
- Subtração de elementos importantes e acréscimo ou invenção de palavras ou
fatos.
- Valorização de conteúdos ou temáticas isoladas, com pouca probabilidade de
desdobramento nas edições subseqüentes e sem contextualização político-econômicosocial-cultural.
- Discursividade repetitiva, fechada ou centrada em si mesma, ambígua,motivada, autoritária, despolitizadora, fragmentária, unidirecional, vertical, ambivalente, dissimulada, indefinida, substitutiva, deslizante, avaliativa; exposição do oculto, mas próximo.
- Produção discursiva sempre trágica, erótica, violenta, ridícula, insólita, grotesca
ou fantástica.
- Escamoteamento da questão do popular, apesar de pretenso engajamento
com o universo social marginal.
- Gramática discursiva fundamentada no desnivelamento sócio-econômico e sociocultural entre as classes hegemônicas e subalternas.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
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