sábado, 10 de abril de 2010

O bairro onde eu moro

Caminho de Areia, uma avenida que virou bairro

A Avenida Caminho de Areia, na Cidade Baixa, é asfaltada, com várias sinaleiras, comércio abundante e trânsito intenso de pessoas e ônibus ruidosos. Mas, apesar de todo o caos urbano atual, o nome remete ao passado, quando o bonde número 20 ligava os outros pontos da cidade àquela localidade da Cidade Baixa. Ladeando os bairros do Bonfim, Ribeira, Jardim Cruzeiro e Massaranduba, ela própria acabou ganhando status de bairro.

Há pouco tempo, as correspondências chegavam com referência à Avenida Tiradentes e ao bairro Caminho de Areia. Agora, as placas azuis oficiais tornaram oficial o que já estava consagrado na boca do povo. Nelas, está registrado Av. Caminho de Areia.

O comércio da área atrai clientes de toda a Península de Itapagipe. Numa barraquinha de metal azul, no meio da avenida, Nana Cruz, 32 anos de idade, sabe de quase tudo que acontece nas redondezas. Nunca morou em outro lugar e trabalha na frente de casa. Não tem o que reclamar da limpeza pública, das áreas de lazer e do custo de vida, que considera baixo por conta da proximidade de um grande número de feiras livres.

A moradora chama atenção para o alto número de atropelos. “Já presenciei mais de 20 atropelos por aqui. Um carro, inclusive, já invadiu minha barraca e quebrou tudo”, lembra. O risco é causado pelo desrespeito dos motoristas ao sinal vermelho e às faixas de pedestre. Os motoristas de ônibus são campeões da infração, mas motos e carros também dão mau exemplo, inclusive invadindo as calçadas.

A funcionária pública Cida Silva, 50 anos, conta que uma vizinha idosa foi atropelada em frente ao conjunto habitacional onde mora. “Já reclamei várias vezes, e a SET prometeu instalar fotossensores nas sinaleiras. Estamos esperando”, reclama.

Vai e volta – Cida nasceu e cresceu na Caminho de Areia e já saiu do lugar para morar na Pituba e na Barra, mas voltou às origens. “Aqui todo mundo se conhece e eu me sinto bem, apesar de estarmos sofrendo um pouco com a violência”, diz. Ela reclama do alto índice de carros roubados e da necessidade de se pagar segurança para ter um pouco mais de proteção. “Antes não se roubava carro, mas agora é freqüente, mesmo com a vigilância dos guardinhas que pagamos”.

Quando o bonde era o principal transporte na avenida, o chão do Caminho de Areia era desnudo e alvo, nada parecido com o aspecto atual. Quem lembra é Francisco Pinheiro, 72 anos, espanhol da região da Galícia que foi morar no local em 1950 e viu o progresso chegar. Mas o romantismo do bondinho é parte do passado distante. Agora é ônibus chegando de todos os lados e um asfalto quente que não tem nada de Caminho de Areia.

Fonte: A Tarde on line: www.atarde.com.br

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