quarta-feira, 31 de março de 2010

À meia noite (Glauco Letto)

Agora já são quase meia noite
Eu queria saber, mas não preciso saber
Eu queria entender, mas não preciso entender
Eu só preciso saber deixar em paz
mesmo quem não sabe viver em paz
nem com os outros, nem consigo mesmo
Eu não quero o que eu não preciso
Eu não preciso daquilo que eu não quero
Eu só quero pensar com minha cabeça animal
Eu quero ser um gênio, eu quero ser um idiota
Um filho da puta sem resposta
Quero declarar amor lendo num papel
papel higiênico barato de motel
Não me queira bem, eu não faço bem
Eu não sou nada além de ninguem
Não me visite pois não irei te visitar
Não vá no meu funeral, pois eu jamais iria te velar
Eu não quero ser bem quisto, só quero ser notado
Nem me importo de ser odiado
que falem mal de mim, mas falem
Que me odeiem mas me temam
Que me deixem afundar em meus problemas
Pois fui eu sozinho que os criei
Eu não tenho pena de ninguem
Eu não tenho compaixão nem de mim mesmo
Eu sou só uma sombra na escuridão
Um vulto perdido no meio da multidão
Um anjo caído curado da fé
Eu sou quem eu sou, quem ninguem mais é
Um imortal...

Nenhum comentário:

Postar um comentário