
A dividir comigo um quarto nessa casa que anda mal da cabeça,
Uma jovem louca como os pássaros
Que trancava a porta da noite com seus braços, suas plumas.
Espigada no leito em desordem
Ela tapeia com nuvens penetrantes a casa à prova dos céus
Até iludir com seus passos o quarto imerso em pesadelo,
Livre como os mortos,
Ou cavalga os oceanos imaginários do pavilhão dos homens.
Chegou possessa
Aquela que admite a ilusória luz através do muro saltitante,
Possuída pêlos céus
Ela dorme no catre estreito, e no entanto vagueia na poeira
E no entanto delira à vontade
Sobre as tábuas do manicômio aplainadas por minhas lágrimas deâmbulas.
E arrebatado pela luz de seus braços, enfim, meu Deus, enfim
Posso de fato
Suportar a primeira visão que incendeia as estrelas.
(tradução: Ivan Junqueira)
Dylan Thomas (País de Gales, 1914 - 1953) Era profundo, um solitário. Como escritor dedicou-se às palavras e compulsivamente, desejava penetrar na alma de todas as letras. Era um apaixonado pela sonoridade e, com estilo incrivelmente pessoal, soube construir uma obra - pequena, é verdade - com nome e sobrenome. O vigor de suas imagens e o ritmo de sua escrita são marcas registradas.
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